Fábio Queiroz
Empresas que atuam em áreas rurais ou próximas de Áreas de Preservação Permanente (APP), ou que contenham fragmentos de vegetação nativa, precisam cumprir requisitos ambientais específicos desde a fase de instalação. Um dos principais é a obtenção da licença ambiental que, dependendo da atividade e da localização, exige a elaboração e implementação de um Plano de Manejo de Fauna.
Aplicar o ciclo PDCA (Planejar, Executar, Verificar e Agir) à gestão do manejo de fauna permite que empresas garantam segurança jurídica, eficácia operacional e respeito à legislação ambiental. Este artigo oferece um guia prático para supervisores, líderes e equipes de emergência que atuam em empresas privadas — especialmente aquelas que contratam brigadas ou bombeiros civis para apoiar em emergências que envolvam animais silvestres.
PLANEJARO Plano de Manejo de Fauna é um documento técnico obrigatório em diversas licenças ambientais. Ele orienta como a empresa deve atuar em situações de interação com fauna silvestre, incluindo: - Procedimentos e fluxos de resgate; - Lista de equipamentos e EPIs obrigatórios; - Cargos e responsabilidades; - Nomeação do responsável técnico (biólogo ou médico-veterinário); - Destinação adequada dos animais resgatados.
Perguntas que você pode fazer: - Existe um plano aprovado pelo órgão ambiental? - Quem é o responsável técnico (biólogo ou veterinário)? - A equipe da brigada tem acesso a esse plano? - Quando foi a última atualização? Se a resposta for “não sei” ou “não temos”, isso representa uma oportunidade de melhoria.
EXECUTARLegalmente, o manejo de fauna não pode ser realizado por qualquer pessoa, mesmo sendo bombeiro. A empresa deve garantir que apenas profissionais treinados e supervisionados atuem nesses casos. Respondedores de emergência podem ser selecionados para essa formação.
Verifique: - Quem ministrou o treinamento sobre fauna para a equipe? - O conteúdo incluiu contenção, biossegurança e primeiros socorros veterinários? - Todos possuem certificados válidos? - A capacitação foi aprovada pelo responsável técnico? Se não houver formação específica, solicite à gestão da empresa. Nenhum resgate deve ser improvisado.
Sem os equipamentos corretos, não há segurança — nem para o animal, nem para o profissional.
Checklist básico: - A empresa possui cambões, caixas de transporte, puçás, redes e outros itens adequados à fauna local? - Os equipamentos estão em bom estado, armazenados corretamente e prontos para uso? - Existem EPIs específicos para esse tipo de atividade? Faça um inventário com a equipe. Se necessário, envie à gestão uma solicitação de aquisição ou reposição.
Filhotes, animais peçonhentos, de grande porte, feridos ou presos exigem abordagens distintas. Os procedimentos devem estar bem definidos e acessíveis à equipe.
Pergunte-se: - O Plano de Fauna descreve ações específicas para cada tipo de ocorrência? - Existe um fluxo claro de comunicação com o responsável técnico? - Sabemos quem acionar em cada caso? Promova simulações internas e mantenha os contatos de emergência atualizados.
VERIFICARA destinação correta dos animais é uma responsabilidade legal da empresa. Solturas não autorizadas podem gerar multas e configurar crime ambiental.
Avalie: - A empresa possui parceria com instituições como o CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres), CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) ou com o órgão ambiental? - Há veículo e caixas de transporte apropriadas? - Os resgates são registrados e os dados arquivados? Nunca improvise, mesmo que tudo pareça resolvido. Cuide das etapas pós-soltura, como: limpeza, desinfecção de equipamentos e revisão das ferramentas.
Mudanças operacionais, ambientais ou legais exigem revisões periódicas do plano e das capacitações.
Verifique: - Quando será a próxima renovação da licença ambiental? - A empresa possui cronograma de atualização do plano e dos treinamentos? - Estão sendo enviados relatórios ao órgão ambiental, se exigido? A rotatividade de profissionais capacitados pode justificar uma frequência maior de treinamentos.
AGIRNinguém precisa saber tudo sozinho. Profissionais têm o direito de recusa quando não recebem os subsídios adequados.
Ações recomendadas: - Acione o responsável técnico, setores internos ou até o órgão ambiental sempre que necessário; - Garanta que os contatos de apoio previstos no Plano de Fauna estejam disponíveis e atualizados; - Compartilhe informações e boas práticas com a equipe.
ConclusãoProteger a sua equipe e os animais é sua responsabilidade. Ao aplicar o PDCA, você fortalece os processos internos, garante segurança jurídica e contribui para uma convivência mais harmoniosa entre atividade humana e natureza.
Para nós, do BS-PREA, o bombeiro capacitado também deve ser um multiplicador da segurança jurídica e técnica.
Lembre-se: proteger a sua equipe e os animais é sua responsabilidade. Atuar preventivamente é sempre o melhor caminho.
É Tecnólogo em segurança, Pós graduado em Engenharia de Prevenção e Combate ao Incêndio e Higiene Ocupacional, produz conteúdos atualizados para parceiros, fornece mentoria para Bombeiros de todo o Brasil de forma remota.
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