PDCA em Segurança no Manejo de Fauna para Profissionais de Empresas Privadas
Fábio Queiroz

Fábio Queiroz

Jun 08, 2025

PDCA em Segurança no Manejo de Fauna para Profissionais de Empresas Privadas

PDCA em Segurança no Manejo de Fauna para Profissionais de Empresas Privadas

Empresas que atuam em áreas rurais ou próximas de Áreas de Preservação Permanente (APP), ou que contenham fragmentos de vegetação nativa, precisam cumprir requisitos ambientais específicos desde a fase de instalação. Um dos principais é a obtenção da licença ambiental que, dependendo da atividade e da localização, exige a elaboração e implementação de um Plano de Manejo de Fauna.

Aplicar o ciclo PDCA (Planejar, Executar, Verificar e Agir) à gestão do manejo de fauna permite que empresas garantam segurança jurídica, eficácia operacional e respeito à legislação ambiental. Este artigo oferece um guia prático para supervisores, líderes e equipes de emergência que atuam em empresas privadas — especialmente aquelas que contratam brigadas ou bombeiros civis para apoiar em emergências que envolvam animais silvestres.

PLANEJAR

A empresa possui um Plano de Fauna vigente e provado?

O Plano de Manejo de Fauna é um documento técnico obrigatório em diversas licenças ambientais. Ele orienta como a empresa deve atuar em situações de interação com fauna silvestre, incluindo: - Procedimentos e fluxos de resgate; - Lista de equipamentos e EPIs obrigatórios; - Cargos e responsabilidades; - Nomeação do responsável técnico (biólogo ou médico-veterinário); - Destinação adequada dos animais resgatados.

Perguntas que você pode fazer: - Existe um plano aprovado pelo órgão ambiental? - Quem é o responsável técnico (biólogo ou veterinário)? - A equipe da brigada tem acesso a esse plano? - Quando foi a última atualização? Se a resposta for “não sei” ou “não temos”, isso representa uma oportunidade de melhoria.

EXECUTAR

Os bombeiros estão capacitados e autorizados a lidar com fauna?

Legalmente, o manejo de fauna não pode ser realizado por qualquer pessoa, mesmo sendo bombeiro. A empresa deve garantir que apenas profissionais treinados e supervisionados atuem nesses casos. Respondedores de emergência podem ser selecionados para essa formação.

Verifique: - Quem ministrou o treinamento sobre fauna para a equipe? - O conteúdo incluiu contenção, biossegurança e primeiros socorros veterinários? - Todos possuem certificados válidos? - A capacitação foi aprovada pelo responsável técnico? Se não houver formação específica, solicite à gestão da empresa. Nenhum resgate deve ser improvisado.

Existem equipamentos adequados e disponíveis?

Sem os equipamentos corretos, não há segurança — nem para o animal, nem para o profissional.

Checklist básico: - A empresa possui cambões, caixas de transporte, puçás, redes e outros itens adequados à fauna local? - Os equipamentos estão em bom estado, armazenados corretamente e prontos para uso? - Existem EPIs específicos para esse tipo de atividade? Faça um inventário com a equipe. Se necessário, envie à gestão uma solicitação de aquisição ou reposição.

Há protocolos claros para cada tipo de ocorrência?

Filhotes, animais peçonhentos, de grande porte, feridos ou presos exigem abordagens distintas. Os procedimentos devem estar bem definidos e acessíveis à equipe.

Pergunte-se: - O Plano de Fauna descreve ações específicas para cada tipo de ocorrência? - Existe um fluxo claro de comunicação com o responsável técnico? - Sabemos quem acionar em cada caso? Promova simulações internas e mantenha os contatos de emergência atualizados.

VERIFICAR

O que acontece com os animais após o resgate?

A destinação correta dos animais é uma responsabilidade legal da empresa. Solturas não autorizadas podem gerar multas e configurar crime ambiental.

Avalie: - A empresa possui parceria com instituições como o CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres), CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) ou com o órgão ambiental? - Há veículo e caixas de transporte apropriadas? - Os resgates são registrados e os dados arquivados? Nunca improvise, mesmo que tudo pareça resolvido. Cuide das etapas pós-soltura, como: limpeza, desinfecção de equipamentos e revisão das ferramentas.

O plano e os treinamentos são revisados?

Mudanças operacionais, ambientais ou legais exigem revisões periódicas do plano e das capacitações.

Verifique: - Quando será a próxima renovação da licença ambiental? - A empresa possui cronograma de atualização do plano e dos treinamentos? - Estão sendo enviados relatórios ao órgão ambiental, se exigido? A rotatividade de profissionais capacitados pode justificar uma frequência maior de treinamentos.

AGIR

E quando surgem situações novas ou dúvidas?

Ninguém precisa saber tudo sozinho. Profissionais têm o direito de recusa quando não recebem os subsídios adequados.

Ações recomendadas: - Acione o responsável técnico, setores internos ou até o órgão ambiental sempre que necessário; - Garanta que os contatos de apoio previstos no Plano de Fauna estejam disponíveis e atualizados; - Compartilhe informações e boas práticas com a equipe.

Conclusão

Proteger a sua equipe e os animais é sua responsabilidade. Ao aplicar o PDCA, você fortalece os processos internos, garante segurança jurídica e contribui para uma convivência mais harmoniosa entre atividade humana e natureza.

Para nós, do BS-PREA, o bombeiro capacitado também deve ser um multiplicador da segurança jurídica e técnica.

Lembre-se: proteger a sua equipe e os animais é sua responsabilidade. Atuar preventivamente é sempre o melhor caminho.

Fábio Queiroz

Fábio Queiroz

É Tecnólogo em segurança, Pós graduado em Engenharia de Prevenção e Combate ao Incêndio e Higiene Ocupacional, produz conteúdos atualizados para parceiros, fornece mentoria para Bombeiros de todo o Brasil de forma remota.

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